31 de julho de 2011

Dicas para viajantes

Viajar pra mim é sempre uma terapia, um exercício estimulante de se encontrar e se reconhecer no desconhecido, deixar de lado - mesmo que por alguns instantes - os hábitos automáticos e os pensamentos prontos para então, experimentar o pensamento do outro em suas origens.
Quanto menor minha identificação e semelhança com os hábitos e costumes do local, mais emocionante e rica se torna a viagem.
Cada cidade/lugar tem sua essência (única), seu ritmo, mitos, mistérios, aroma,modos de existir e "jeitinhos" de se pertencer, signos e significados enraizados em cada local e em cada habitante.

Tentar captar o chamado "zeitgeist" ou o "espírito do tempo" de um lugar em determinada época, é pra mim, a parte mais prazerosa (pra quem gosta não é algo trabalhoso, pelo contrário é até uma atitude involuntária e quando você percebe já tá exercitando). Um bom exercício inicial pra tentar identificar essa "essência" de um determinado lugar,é tentar achar uma só palavra que o defina como um todo.
Parece difícil, mas é interessante, porque sua percepção fica mais aguçada, você fica mais aberto(a) pra se relacionar com o outro e se deixa "contagiar" pelo lugar, com mais facilidade.

Mas enfim, o bacana é você chegar "desarmado", pra voltar renovado...e o resto é aproveitar...

Achei umas dicas bacanas (do Paulo Coelho) sobre viagens e me identifiquei bastante.
Vale a pena!



"Desde de muito jovem descobri que a viagem era, para mim, a melhor maneira de aprender. Continuo até hoje com esta alma de peregrino, e decidi relatar neste blog algumas das lições que aprendi, esperando que possam ser úteis a outros peregrinos como eu.

1] Evite os museus. O conselho pode parecer absudo, mas vamos refletir um pouco juntos: se voce está numa cidade estrangeira, não é muito mais interessante ir em busca do presente que do passado? Acontece que as pessoas sentem-se obrigadas a ir a museus, porque aprenderam desde pequeninas que viajar é buscar este tipo de cultura. É claro que museus são importantes, mas exigem tempo e objetividade – voce precisa saber o que deseja ver ali, ou vai sair com a impressão de que viu uma porção de coisas fundamentais para a sua vida, mas não se lembra quais são.

2] Frequente os bares. Ali, ao contrário dos museus, a vida da cidade se manifesta. Bares não são discotecas, mas lugares onde o povo vai, toma algo, pensa no tempo, e está sempre disposto a uma conversa. Compre um jornal e deixe-se ficar contemplando o entra-e-sai. Se alguém puxar assunto, por mais bobo que seja, engate a conversa: não se pode julgar a beleza de um caminho olhando apenas sua porta.

3] Esteja disponível. O melhor guia de turismo é alguém que mora no lugar, conhece tudo, tem orgulho de sua cidade, mas não trabalha em uma agência. Saia pela rua, escolha a pessoa com quem deseja conversar, e peça informações (onde fica tal catedral? Onde estão os Correios?) Se nao der resultado, tente outra – garanto que no final do dia irá encontrar uma excelente companhia.

4] Procure viajar sózinho, ou – ser for casado – com seu conjuge. Vai dar mais trabalho, ninguém vai estar cuidando de voce(s), mas só desta maneira poderá realmente sair do seu país. As viagens em grupo são uma maneira disfarçada de estar numa terra estrangeira, mas falando a sua língua natal, obedecendo o que manda o chefe do rebanho, preocupando-se mais com as fofocas do grupo do que com o lugar que se está visitando.

5] Não compare. Não compare nada – nem preços, nem limpeza, nem qualidade de vida, nem meio de transportes, nada! Voce não está viajando para provar que vive melhor que os outros – sua procura, na verdade, é saber como os outros vivem, o que podem ensinar, como se enfrentam com a realidade e com o extraordinário da vida.

6] Entenda que todo mundo lhe entende. Mesmo que nao fale a lingua, nao tenha medo: já estive em muitos lugares onde nao havia maneira de me comunicar através de palavras, e terminei sempre encontrando apoio, orientação, sugestões importantes, e até mesmo namoradas. Algumas pessoas acham que, se viajarem sózihas, vão sair na rua e se perder para sempre. Basta ter o cartão do hotel no bolso, e – numa situação estrema – tomar um táxi e mostra-lo ao motorista.

7] Não compre muito. Gaste seu dinheiro com coisas que nao vai precisar carregar: boas peças de teatro, restaurantes, passeios. Hoje em dia, com o mercado global e a Internet, voce pode ter tudo sem precisar pagar excesso de peso.

8] Não tente ver o mundo em um mes. Mais vale ficar numa cidade quatro a cinco dias, que visitar cinco cidades em uma semana. Uma cidade é uma mulher caprichosa, precisa de tempo para ser seduzida e mostrar-se completamente.

9] Uma viagem é uma aventura. Henry Miller dizia que é muito mais importante descobrir uma igreja que ninguém ouviu falar, que ir a Roma e sentir-se obrigado a visitar a Capela Sixtina, com duzentos mil turistas gritando nos seus ouvidos. Vá à capela Sixtina, mas deixe-se perder pelas ruas, andar pelos becos, sentir a liberdade de estar procurando algo que não sabe o que é, mas que – com toda certeza –irá encontrar e mudará a sua vida."




* E você, como aproveita suas viagens?





(postado por Julie)

2 comentários:

  1. "espírito do tempo", "essência do lugar", "percepção aguçada"...ihhh isso é coisa de coolhunter hein! =)
    Mas boto fé que se deixar contagiar pelo lugar e pelos seus habitantes sem pré-conceitos (e sem preconceitos tbm..rs) é uma experiência bem bacana mesmo, enriquecedora!
    Muito boas as dicas! A maoiria delas eu pratico.
    Bjão!
    Semana que vem to na área!

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  2. hahahaha..isso é coisa de gente inquieta, curiosa e detalhista (bom, não deixa de ser um perfil desse profissional né?? rsrs).
    Mas então, Sr. viajante, surpresaa e tanto saber q vc vem ("em off":confesso que eu já sabia da noticia..hahaha)
    Fiquei feliz! : )

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